13 de dezembro de 2012

O ato de limpar o cú!


"O estigma que se criou à volta deste procedimento é curioso. Pelo menos na minha perspetiva. Os outros cursos de saúde continuam a repudiar este ato e fazem dele objeto de troça. As pessoas cerram os lábios e fazem cresceras narinas, como se de algo horrível se tratasse. Cada vez que tocam no assunto, riem e gozam com a maior das indiferenças.
Naturalmente que limpar um cú não é um procedimento difícil e qualquer analfabeto o pode fazer. Mas não seria igual.
Qual será a primeira impressão que a pessoa tem do trabalho do enfermeiro? Não fosse esta uma pergunta retórica, aquilo que mais se ouviria seria “Dar vacinas” e “Faz higienes”. Francamente, esta ideia tão limitada que ainda subsiste tão viva na população, não está certa e não está errada, porém, leva a pensar num trabalho leve, fácil e pouco desgastante dos enfermeiros.
Decerto que qualquer comum dos mortais se gabaria do facto do individuo licenciado com tão prezado conhecimento lhe limpar o cú, com a maior alegria e simpatia. Porém, aquilo que não sabem, e que os tão bem rotula, é que o cú foi observado e as fezes foram avaliadas. São tão ingratos que nem percebem que os substituímos numa das tarefas mais íntimas do ser humano, a higiene. Talvez não saibam que é um parâmetro tão importante que ao ponto de ser registado diariamente.
Fui eu, tão estimado Sr. Enfermeiro, que coloquei a fralda e as manápulas sujas no contentor, mas também fui eu que alertei a nutricionista sobre a sua alimentação e também fui eu que abordei o médico sobre a sua diarreia, e da possível troca do antibiótico. Era eu, que após tantas intervenções e preocupações, todos os dias, continuava de volta das suas fezes e digníssimo cú, à espera de resultados. Já viu!? Tantos profissionais trabalharam para sí, o doutor explicou-lhe a situação e alertou-o da mudança do antibiótico e a Srª Nutricionista referiu-lhe a mudança da alimentação. E eu? Limpei-lhe o cú!...
Sabe quantos doentes diferentes me passaram pelas mãos? Quantas personalidades e quantos corpos. É por isso que já sou mestre na comunicação e guardo a sua privacidade como se fosse a minha, todos os dias. E mesmo assim, o Sr. Doente põe o pé fora do hospital e ri, ri da minha profissão, opinando regularmente sobre assuntos que caem de boleia nos jornais que não percebem nada do assunto.
A doente A.G da cama 6 tinha dado entrada no serviço com o diagnóstico de pneumonia, mas eu vi-lhe uma fístula no cú! O Doente V.P da cama 15 tinha DPOC, mas eu prestei atenção na possível alteração hepática pela coloração das suas fezes. E você pergunta: “Ah! Como é que o Sr. Doutor adivinhou?” Pois, não adivinhou, foi o «limpa cús» que lhe disse!
Aposto que da próxima vez, espero que não seja para breve, quando for internado, vai desejar fugazmente que seja o Sr. Enfermeiro a limpar-lhe o cú!

Um bem haja a todos aqueles que enchem a boca para desdenhar do que não percebem, não fazem e não sentem a enfermagem."

By Hélder Teixeira

6 de dezembro de 2012

Enfermagem

‎"Foi a doença e o hospital, que por várias vezes pontuaram a minha vida, que me fizeram conhecer a vida e o trabalho da enfermagem. As horas intermináveis de serviço, a atenção cuidada aos doentes, a capacidade de sorrir e animar um paciente mesmo quando o cansaço já se lhe adivinha nos olhos. A atenção profissional aos sinais clínicos, às campainhas, aos gemidos de dor, a insónia para que aqueles que cuidam possam descansar, os actos clínicos cautelosos, explicados, rigorosos, cumprindo-se enquanto profissionais e cidadãos. São a parte mais decisiva de toda a organização do sistema de saúde. Nas suas mãos morrem muitos. Das suas mãos renascem para a vida muitos mais, enquanto o médico chega ou não chega. São o verdadeiro sangue da vida hospitalar. O apoio primeiro. O primeiro olhar. E, p
or vezes, a última palavra. São homens e mulheres com as mãos mergulhadas na dimensão maior da sua existência, reparando, tratando, cuidando de doentes, de convalescentes, de moribundos. Nunca lhes agradeceremos tudo aquilo que merecem, centrado que está o olhar nas decisões do médico. Mas são a essência das nossas expectativas de sobrevivência quando nos confrontamos com a doença. Pagar-lhes 3,95 euros à hora não é apenas tratá-los mal. É sujeitá-los à humilhação e à miséria. É transformar seres humanos, superiormente qualificados, em indigentes a quem se dá a esmola para que não morram de fome. É uma vergonha que os envergonha e nos envergonha. É um País não ter respeito por si próprio embora esteja de braços abertos ao intermediário. Aos parasitas. Um estado que permite isto deveria ser pago à vergastada."

My dream


Infelizmente

Sexo: virou brincadeira

Abraço: desculpa para se aproveitar

Beijo na boca: virou disputa

Amo-te: Virou bom-dia

Alianças: Vão parar ao bolso

Elogiar: é chamar boa

Namoro: é discussão

Amor: é perda de tempo

Pessoas: ligam-se por aparência

Traição: é normal

Eis a sociedade em que todos vivemos é simplesmente medíocre!

3 de dezembro de 2012

Pesado


Não há recomeço nos dias de hoje, tudo o que fazemos é organizado e conferido, tudo pesa contra nós.

*

‎"Um dia, cresces. Percebes que o amor é muito mais que beijos. Que os príncipes não existem e muito menos vêem montados em cavalos brancos. Que a vida não é só sorrisos e bons momentos. Que tudo o que vai embora, não volta como dizem. Que toda a gente tem defeitos. Que palavras não são só palavras. Que uma camisola é muito mais que uma camisola quando possui o cheiro daquela pessoa. Que uma lágrima vale mais que um sorriso. Que uma historia começa com um simples olhar. Que vais ser sempre julgado por alguém. Que uma música vale mais que mil palavras. Que tens de lutar pelas pessoas que amas todos os dias. Que toda a gente te vai desiludir. Que um beijo não é só um beijo. Que nada é para sempre. Que uma atitude pode mudar o teu destino. Que o " (...) e viveram felizes para sempre. " não existe. Que as coisas não se resolvem só com um "desculpa". Que uma brincadeira pode acabar mal. Aprendes que haverá sempre um "e" ou um "mas" no final de cada frase porque isto ainda não é o ponto final."

1 de dezembro de 2012


...


Eu já te perdi e já te encontrei,
Eu já te esqueci e já perdoei...
Já quis afastar-me, mas quando te vi
Só sei que não sei viver sem ti...
Como a noite quer o luar
Preciso de ti p'ra me iluminar.
Vejo o meu céu no teu olhar,
Preciso de ti p'ra respirar.
E se o sol não brilhar
Se o mundo acabar...
Se o amanhã não vier
E se o tempo parar...
Quero estar onde estás
P'ra sempre num momento
Tu e eu
Só tu e eu...
Já fui um barco perdido no mar
Sem o teu farol p'ra me guiar...
Ao sabor do vento deixei-me levar,
Andei à deriva até te encontrar...
Eu só quero dar-te o que tu me dás,
Só nos teus braços eu encontro paz,
Eu não sou ninguém se não te tiver,
Preciso de ti para viver...
E se o sol não brilhar
Se o mundo acabar...
Se o amanhã não vier
E se o tempo parar...
Quero estar onde estás
P'ra sempre num momento
Tu e eu
Só tu e eu...
Eu já te perdi e já te encontrei...